Quem mandou matar Marielle e Anderson?
Escrito por: Gabriel Negrão, Gabriela Cavalcante, Márcio Filho e Bruno Lakota.
17 mar 2021, 10:29 Tempo de leitura: 2 minutos, 42 segundosDomingo passamos por mais um 14 de março, dia que infelizmente ficou marcado pelo assassinato político de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Ela era uma mulher negra, socióloga, mãe, LGBTQIA+, e como ela mesma falava: cria da favela da Maré. Marielle era vereadora eleita pelo PSOL na cidade do Rio de Janeiro, e presidenta da comissão de defesa dos direitos da mulher na câmara. O assasinato político de Marielle Franco foi um ataque ao Estado Democrático de Direito, uma tentativa de cercear as demandas e reivindicações simbolizadas em seu mandato. Em outras palavras, um ataque à democracia brasileira.
São 3 anos sem respostas para esse crime brutal, que tirou a vida de uma mulher negra, que cresceu dentro do Complexo da Maré e lutava por direitos humanos e contra as milícias armadas do Rio de Janeiro.
Engana-se quem pensa que este dia se tornou apenas motivo de pesar. A morte de uma flor precede a primavera, que traz consigo novas mudas repletas de esperança, a luta e história de Marielle gerou sementes que se espalharam por todo o Brasil e no mundo, florescendo em jovens que continuarão com a missão de espalhar suas ideias e defender seu legado pelos direitos daqueles que sofrem com a repressão diária do sistema, principalmente aqueles que moram nas favelas por todo o país.
O mundo político não está habituado com as mulheres, elas não estavam nos espaços de poder. Essa mudança que vem acontecendo mostra que esses redutos ocupados majoritariamente por homens nos levam a debates profundos sobre o machismo e a violência de gênero. Marielle foi a prova de quanto esses espaços de representatividade feminina podem incomodar os coronéis do poder, eles tentaram silenciar uma parlamentar que defendia os direitos humanos e isso é inadmissível.
São 1.097 dias, em mais de 500 anos sem respostas dos assassinatos do povo preto em nosso país. A violência racial e de gênero são práticas corriqueiras cometidas pelo Estado e não solucionadas por ele também. O feminicídio e o encarceramento, sobretudo das mulheres pretas, crescem exponencialmente em nosso país. Superar as barreiras dos espaços institucionais é uma tarefa urgente que vem emanando das mulheres, para contrapor a política de silenciamento que é praticada nesses espaços. Precisamos e vamos levantar nossa voz!
Marielle aflorou o quanto temos um estado genocida, que segue matando todos os dias o povo preto e periférico. São muitos os casos que demonstram que ser fora da política ou padrão heteropatriarcal é ser automaticamente um potencial alvo. Temos inúmeros casos que demonstram essa violência: o massacre de paraisópolis, o assassinato de menino Lucas da Favela do Amor em Santo André, os 80 tiros disparados pelo exército brasileiro no músico Evandro, a “bala perdida” na Ághata de apenas 8 (oito) anos e tantos outros.
Seguiremos firmes contra a violência política de gênero, no combate ao racismo e lutando pelo empoderamento das mulheres nos espaços de poder e participação popular. Por isso seguimos perguntando: Quem mandou matar Marielle e Anderson? Marielle, presente!